Como Melhorar os Salários dos Professores

Todos os professores gostariam de ser bem remunerados e respeitados – dentro e fora das salas de aula. E, felizmente, isto é possível.

Lamentavelmente, a dura realidade da maioria dos docentes em nosso país é esta: uma jornada de trabalho exaustiva e com uma baixa remuneração.

Mas como isto poderia ser mudado?

 

Causas dos Baixos Salários

Muitas pessoas acreditam que os fatores mais importantes para definir o sucesso profissional são, principalmente, o tempo de permanência na escola e o diploma de graduação. Contudo, isto não é tudo.

Primeiramente, cabe realçar que a remuneração de um profissional depende de duas coisas principais: do seu grau de conhecimento e dos resultados que ele entrega.

Por exemplo, vamos considerar duas profissões que podem ter uma jornada de trabalho aproximada de 20 dias por mês (por causa dos finais de semana e dos dias de chuva), como pedreiros ou pintores. Eles geralmente têm uma exigência de escolaridade de ensino fundamental. Uma diária de 8 horas de um bom pedreiro pode chegar a R$ 200,00 (equivalente a uma remuneração mensal R$ 4.000,00/mês). E a diária de um pintor com equipamento profissional pode chegar a R$ 300,00 (R$ 6.000,00/mês). Essas remunerações são superiores ao piso nacional do magistério em 2019: um salário de R$ 2.557,73 [i] – para uma jornada de 40 horas semanais e quesito mínimo de escolaridade – ensino superior. Como explicar essa diferença?

No exemplo acima, os pedreiros e os pintores são pagos pela qualidade e pela quantidade do trabalho que realizam. E os professores?

Segundo o IBOPE[ii], no Brasil, 75% da população são analfabetos funcionais [iii].

 “Brasil está entre os oito piores países no ranking do [exame internacional do] PISA de aprendizado de jovens na área de ciências, atrás de países como Trinidad e Tobago, Costa Rica, Qatar, Colômbia e Indonésia. O país ficou na 63ª posição entre as 70 nações avaliadas nessa disciplina em 2015. [iv].

Imaginemos uma situação: um funcionário trabalha em uma empresa ou na casa de um particular. Ocorre que, passados alguns meses, o patrão ou a patroa percebe que o trabalho não está sendo realizado satisfatória e adequadamente. Mesmo assim, ele ou ela diz ao funcionário: “aumentaremos o seu salário, apesar de você não estar desempenhando o seu trabalho a contento”. Será que isso tem cabimento? Claro que não.

Percebemos, pelo exposto acima, que precisamos de uma revolução pedagógica que altere este cenário em nosso país, para que os professores possam ter oportunidade de aumento de salário! [v]

 

Soluções para Melhorar os Salários

As alternativas para melhorar os salários dos professores implicam em que eles entreguem resultados acima da média atual.

Uma das formas de receber um bom salário como professor é seguindo a carreira universitária. Por exemplo, em algumas universidades brasileiras, docentes com mestrado e doutorado recebem proventos compatíveis com remunerações de países desenvolvidos. Seu piso salarial pode alcançar “R$ 17.057,14, para professores universitários com doutorado, em regime de dedicação exclusiva na rede federal (a remuneração varia de acordo com fatores específicos do plano de carreira)” [vi].

Outras maneiras comprovadas de aumentar a renda seriam: dar aulas particulares; lecionar em cursinhos preparatórios para o Enem e pré-vestibulares, assim como em cursinhos preparatórios para concursos públicos; e realizar treinamentos para empresas – enfim, procurar atividades de ensino que rendam mais que o magistério no ensino regular [vii]. Alguns professores também estão ministrando aulas online pela internet.

Mas quais cursos podem auxiliar os professores a entrar neste seleto grupo de profissionais?

Além de um grande conhecimento da matéria que será ministrada, alguns cursos de aperfeiçoamento que poderão ajudar a ter sucesso nas carreiras acima são: oratória, didática, marketing pessoal e psicologia motivacional – entre outros específicos para cada área de atuação.

As formas citadas acima são válidas para aumentar a remuneração de forma individual. Mas como melhorar a remuneração de toda a categoria?

Bem, para isto é essencial aumentar os resultados da maioria dos seus profissionais. E a saída para este resultado é complexa e multifatorial – como apresentaremos abaixo.

No século XXI, em plena Era da Informação, é indispensável tomar consciência de que é fundamental focar nos resultados que os professores entregam para os seus alunos, ou seja, nos conteúdos ministrados e no processo de instrução.

Já passou da hora de os professores pararem de tentar “educar” os seus alunos, porque a tarefa de educar pertence aos pais.

Educar não é a mesma coisa que instruir. “Assim, cruzamos na vida com pessoas instruídas e mal educadas; e conhecemos analfabetos com esmerada educação” [viii].

As tentativas de os professores educarem os seus alunos serão sempre malogradas por um motivo bastante óbvio: se pais de alunos têm dificuldade em educar 2 ou 3 filhos em casa, imagine um professor com uma turma de 30 ou 40 alunos.

Por décadas muitos profissionais do ensino trabalharam para convencer os pais dos alunos que cabia aos docentes a tarefa de educar as crianças. Agora, os professores têm dificuldades em manter a disciplina em sala de aula!

Quando a tarefa de educar cabia expressamente à família, a criança já tinha que ir educada para a escola – e os professores conseguiam manter a disciplina na turma e cumprir com seu principal objetivo: o de instruir.

Essa experiência de tentar “educar” os estudantes, em vez de instruí-los, já trouxe resultados desastrosos demais para o nosso país – principalmente para os alunos. E isto impactou diretamente no salário dos professores!

Na época em que os professores eram referência na transmissão do conhecimento (instrução), os docentes eram respeitados e mais bem remunerados.

Já, nos dias de hoje, em que muitos docentes se dizem “educadores”, alguns professores são agredidos em plena sala de aula e muitos recebem um salário condizente com o resultado que a maior parte deles produz: “só 8% dos brasileiros dominam, de fato, português e matemática” [ix].

Com os resultados expostos acima, como a categoria inteira poderá obter bons salários?

Infelizmente, os maus professores estão prejudicando o salário dos bons professores!

É certo que existem bons professores que honram a sua profissão e procuram ensinar conteúdo para os seus alunos. Entretanto, o salário da categoria é determinado pela média dos resultados da maioria dos docentes.

Por isto, está no momento de se voltar a priorizar a instrução em nosso sistema de ensino e de responsabilizar os pais pela educação dos filhos.

Outra medida urgente para melhorar a qualidade de aprendizagem, e que certamente terá impacto positivo nos salários dos professores, é acabar com o atual processo de Progressão Continuada [x] nas escolas (também conhecido como “aprovação automática”).

Porque, além de a Progressão Continuada desmotivar os alunos a estudarem, ela também deixa os professores sem instrumentos para ensinarem o que realmente importa. Além do mais, a “aprovação automática” deixa os docentes sem ferramentas para cobrarem a aprendizagem dos alunos, haja vista que estes passam de ano mesmo sem saber os conteúdos ministrados.

Nos movimentos reivindicatórios por melhores salários, os professores devem lutar igualmente por melhores condições de trabalho. Uma das condições mais urgentes a serem reivindicadas é a retomada da autoridade em sala de aula – ou seja, os docentes necessitam receber apoio legal às medidas disciplinares que exigem de seus alunos.

Porque a indisciplina escolar dificulta a aprendizagem – o que, por sua vez, influencia diretamente nos maus resultados do ensino. E estes fatos pioram as condições para se remunerar bem toda a categoria.

É importante também reconhecer e parabenizar aqueles bons docentes que se dedicam e que ainda lutam para que haja a transmissão do conhecimento para as novas gerações.

Além disto, para os professores aumentarem significativamente os seus salários, é indispensável que os bons professores tenham coragem de começar a cobrar desempenho dos seus colegas que não dão resultados satisfatórios em sala de aula!

Os professores devem tomar consciência de que a tarefa de tentar “educar” os filhos dos outros é vã e infrutífera. Além, é claro, de ser altamente prejudicial para o futuro dos alunos e para o sucesso profissional de todos os docentes.

Por fim, é necessário reforçar que somente quando a maioria dos professores começar a entregar resultados de primeiro mundo é que eles poderão  receber remunerações compatíveis com tal trabalho. É assim em todas as profissões.

Todas as mudanças aqui descritas são necessárias e urgentes. Porque elas beneficiarão a toda sociedade – não só aos professores!

Ajude a divulgar estas ideias: curta e compartilhe este artigo!

 

Por: Equipe Equibasismo e Professor Não é Educador.

#professornaoeeducador

Referências:

 

[i] http://www.cnte.org.br/index.php/comunicacao/noticias/20456-valor-do-piso-do-magisterio-em-2019-devera-ser-de-r-2-557-73.html (consultado em 30/01/2019).

 

[ii] http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI659284-EI994,00.html (consultado em 31/01/2019).

 

[iii]Analfabetismo funcional é a incapacidade que uma pessoa demonstra ao não compreender textos simples. Tais pessoas, mesmo capacitadas a decodificar minimamente as letras, geralmente frases, textos curtos e os números, não desenvolvem habilidade de interpretação de textos e de fazer operações matemáticas”. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Analfabetismo_funcional – consultado em 31/01/2019).

 

[iv] https://exame.abril.com.br/brasil/brasil-esta-entre-os-8-piores-em-ciencias-em-ranking-de-educacao/ (consultado em 31/01/2019).

 

[v] Leitura recomendada: MOREIRA, Armindo. Professor Não é Educador, 5ª ed. Indicto Editora, Cascavel (PR), 2012.

 

[vi] https://www.guiadacarreira.com.br/salarios/quanto-ganha-um-professor/ (consultado em 31/01/2019).

 

[vii] https://economia.ig.com.br/carreiras/professores-buscam-alternativas-para-aumentar-rendimento/n1596977903518.html (consultada em 30/01/2019).

 

[viii] MOREIRA, Armindo. Professor Não é Educador, 5ª ed. Indicto Editora, Cascavel (PR), 2012. Pg. 11.

 

[ix] https://exame.abril.com.br/brasil/so-8-dos-brasileiros-dominam-de-fato-portugues-e-matematica/ (consultado em 31/01/2019).

 

[x] https://pt.wikipedia.org/wiki/Progress%C3%A3o_continuada (consultado em 11/05/2019).

 

Um comentário em “Como Melhorar os Salários dos Professores

Deixe um comentário